quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

2010

Caros leitores é oficial...decidi voltar a escrever no blog, e tenciono durante este ano deixar aqui o mínimo de um update por mês. Porém o mundo está cheio de boas intenções, e estas são raramente duradouras...

2010 começou de uma forma terrorífica. Andei a runnar da pior maneira possível durante o primeiro mês deste ano a dedicar-me a jogar os CAP Games da Full Tilt. Infelizmente, e depois de mais de 50k mãos, acabei com um um proffit irrisório (~2k$ + RB), o que para este volume de mãos ficou muito aquém das minhas expectativas. Uma run má, aliada a muita displecência durante as sessões, e algumas...ou sendo mais honesto...muitas jogadas ao nível do atraso mental, acabaram por fazer com que não tivesse a bater, pelo menos a uma win-rate razoável, mid-stakes CAP na FTP. Decidi parar por uns tempos com stacks de 30bbs, e decidi voltar à velha guarda e jogar 100bbs+ deep. Os resultados têm sido muito bons até agora, e embora esteja a runnar um bocado abaixo do EV, tenho a consciência que estou numa fase muito boa, em que tive alguma sorte em alguns potes crucias.



A passagem de alguns meses pelo CAP ajudou imenso o meu jogo de 100 bbs deep. Jogar na Full Tilt contra o exército de regulares que todos os dias povoa esse site obrigou-me a ter o meu jogo super balanceado e a defender-me contra jogadores bons e pensantes. Notei quando voltei a jogar 100bbs deep que estava a bater-me facilmente contra a maioria dos regulares de mid-stakes e com bastante proffit a sair desses duelos.

Este foi o resumo do meu ano de 2010 até agora. Curiosamente deu-me vontade de escrever neste blog quando as coisas começaram a caminhar na direcção certa, e desconfio que vou ter pouca vontade de escrever quando as coisas estiverem a correr menos bem. Acho que é uma tendência natural.

2010 tem sido também um ano bastante para alguns amigos que têm tido resultados extraordinários. O Ruca (apalma) e o Michel todos os dias ganham mais um torneio e estão a recolher os frutos de não ir à praia, o phounder destrói as leaderboards, o Diogo está insuportável com o "ganho todos os dias..", e a vida em geral corre bem a toda a gente...Espero que continue assim. Para a semana vou jogar o EPT Berlim, o primeiro dos 5 torneios que vou jogar este ano (prometi a mim mesmo que não jogava mais de 5 torneios live este ano, são uma pura perda de tempo e deixam-me num estado de irritação desaconselhável).

Planos para um futuro próximo para além de ganhar o EPT em Berlim:

- Ganhar 1 jogo de PES ao Diogo, 2 ao Arise, e 20 seguidos ao anão...
- Continuar em modo god-like e crushar mid-stakes na Unibet
- Ficar unstuck (3k down???) nos torneios de 300 fichas da FTP

Até ao próximo post...

Abraço,

Tiago

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Reportagem SIC - Febre do Poker

Achei sinceramente que nunca mais ia escrever neste blog, porém uma necessidade extrema de expressar a minha opinião surgiu com as barbaridades que pessoas bem formadas, o que foge do senso comum pois o bárbaro é por norma pouco ou nada formado, têm vindo a transmitir sobre o Póquer em geral.

Tive o azar de na última segunda-feira ainda estar em casa aquando do fim da Grande Reportagem da SIC. Sabendo eu que grandes amigos meus iriam aparecer, e com vontade de rever as suas caras mais ou menos bonitas, decidi dizer "PAI, PAI, põe na SIC" (prevejo que tal seja a útima vez que vou proferir tais palavras tirando a rara excepção de o FCP jogar nesse canal). Fiquei embaraçado com a peça jornalística que vi, achei-a de mau tom, ninguém me tira da cabeça que foi feita por encomenda e senti alguma ira dentro de mim. Não necessariamente porque o que se transmite na entrevista seja mentira, porque a ideia geral que passa na peça é mais correcta do que a maioria dos utilizadores do mais conhecido fórum de Póquer português assim o sugerem, mas porque à boa maneira portuguesa enfatiza o lado negro, porque este lado negro convém mais a alguém do que um lado mais colorido.

Não tenciono bater mais no ceguinho, não me interessa falar da má co-relação do Póquer ao vídeo-Póquer nem aos senhores casineiros que têm dinheiro e mais nada para fazer do que estar no Casino das 3 ás 3. Não me interessa nada que o Jornalista Antunes ache que o Póquer é um jogo de azar, ou que os jogadores de Póquer são doentinhos e não vão à praia. Interessa-me, e preocupa, a imagem que ficou denegrida dos jogadores de Póquer enquanto profissionais e dos jogadores de Póquer enquanto amadores.

Conheço, feliz ou infelizmente dependendo se a perspectiva é humana ou financeira, muitas pessoas em Portugal, e conheci/vi muitas lá fora, que são agarradas ao Póquer, como um vício. Essas pessoas normalmente fumam, jogam roleta, bebem, tratam mal a família e ao fim do dia chegam a casa e o Póquer é de longe o menor dos seus problemas. Quanto a esses a reportagem tratou-os justamente, se bem que quase todas as reportagens sobre quase todos os assuntos negros da vertente social do nosso mundo se iriam adequar a essas mesmas pessoas.

Conheço também muitos jogadores que adoram Póquer. Adoram o jogo pelo exercício mental, pela parte humana, ou porque adoram jogar....e por jogo não se entenda jogo de casino...adoram jogar Póquer, Sueca, Age of Empires, Starcaft, Magic ou Settlers. Gostam do jogo pelo desafio, pela adrenalina de ganhar ou perder seja 1 uma ficha, seja 1 euro, seja 100 euros, sejam feijões. Felizmente o mundo do Póquer em Portugal é maioritariamente populado por estas pessoas, para quem o Póquer é uma actividade saudável, como ir ao clube de ténis, ou juntar-se com os amigos na associação desportiva do bairro. Muitas destas pessoas adoram o Póquer, vibram quando jogam, vibram quando vêem jogar, e vibram quando o João Barbosa faz mais um cash num EPT, e vibram quando o Leguito ganha mais um torneio online. Estas pessoas praticam um hobbie saudável, que tem custos como qualquer outro, mas que não proporciona isolamento social, antes pelo contrário. Por estas pessoas fico triste, aliás é por elas que fico mais triste, porque elas não vão ter a facilidade de explicar a família que vão passar o carnaval à Figueira para tar com uns amigos sem serem associados ao senhor que vai ao psicólogo porque o Póquer o corrompeu.

Conheço por fim, e conheço-me a mim, jogadores que jogam Póquer profissionalmente. Destes a imagem que passou foi má. Tenho pena. Tenho 1001 ideias de como fazer passar uma imagem positiva de pessoas que decidiram jogar às cartas como profissão. Podia citar alguns exemplos de pessoas que ajudam a família mensalmente com o que auferem no Póquer, podia citar exemplos de jovens que com curso, e sem trabalho, a vida não lhes deu outra hipótese que não arranjar uma fonte de rendimento alternativa. Mas prefiro citar o meu próprio exemplo. O Póquer a mim já me deu a hipótese de:

- Atravessar a ponte de Buda e Peste
- Encher o depósito do meu carro sempre que é preciso
- Visitar o Coliseu de Roma
- Jantar fora, e em bons restaurantes variadas vezes
- Voltar aos EUA, o meu país de natal
- Passar noites nas Ramblas de Barcelona
- Doar uma quantia significativa para as vítimas do terramoto do Haiti
- Tentar andar de táxi em Varsóvia oonde ninguém percebe Inglês
etc etc etc...

Podia dar mais muitos exemplos...podiamos ter assitido a uma reportagem que realçava estes mesmos exemplos, meus, ou de tantos outros com tão bons, e tão melhores, exemplos para dar...poder podiamos, mas não era a mesma coisa...porque neste país, tristemente, só se fazem grande reportagens sobre calamidades, problemas sociais, falhas da vida moderna...nunca por uma vez se faz uma grande reportagem sobre os potenciais e sobre as estórias de sucesso que ainda vão havendo por Portugal. Em Portugal prefere-se falar do Rodrigo que jogou Póquer dos 16 aos 20 e agora com esses mesmo 20 anos tem o cérebro frito e não dá a cara, do que Doyle Brunson que aos oitentas têm o cérebro com um ritmo e com uma actividade que provavelmente o Sr. Jornalista Antunes, e a equipa do Sr. Jornalista Antunes, nunca irão alcançar. Não porque sejam burros, pois com certeza que não são, mas não sou geniais ao ponto de em tenra idade não estarem no topo da profissão, quando alguém nos seus 80 ainda lá o está desde os seus 30.

O Póquer tem essa grande vantagem, é que exercita a mente, coisa que pouco se faz por esse mundo fora. Obriga a pensar, a estabelecer padrões, a analisar situações....e a inteligência, ou o cérebro, é algo que se exercita. Tenho pois o prazer de estar a escrever para uma audiência que sei que diariamente exercita a sua mente na calamidade que é o Póquer, tenho que escrever algo mais inteligente e transmitir algo com mais sentido, o Sr. Antunes tem o desprazer, e o azar diga-se, de escrever e relatar para uma audiência que não exercita músculo tão fundamental quanto o cérebro...deveria ter então mais cuidado com o que diz...

Isto já vai longo, não fiz isto para ninguém em concreto ler, e são 9e30 e eu ainda acordado. Para quem quer saber, provavelmente não volto a escrever aqui tão cedo, o Póquer vai correndo bem, etc e tal....

Um abraço a todos,

Tiago Lopes

PS - O Sr. Antunes é o jornalista da SIC responsável pela Grande Reportagem
PS1 - Não queria ser alertado para os erros ortográficos nem de síntaxe, escrevi isto fora de horas!